Com duas equipes, médicos brasileiros viajam para dar continuidade ao atendimento médico na Amazônia e no Haiti
Pela primeira vez em sete anos, com trabalhos voltados às comunidades indígenas da Amazônia, os Expedicionários da Saúde se multiplicam para dar conta da demanda de atendimento às regiões isoladas do Brasil e também as vítimas do terremoto no Haiti. Segundo o ortopedista Ricardo Affonso Ferreira, membro do Instituto Affonso Ferreira e presidente da ONG Expedicionários da Saúde, a decisão de dividir a equipe foi uma necessidade, já que o grupo vem prestando atendimento emergencial às vítimas do terremoto desde o início da tragédia. “Houve um consenso geral na decisão e na escolha de quem irá para cada local. O ritmo das atividades muda conforme a necessidade de cada região. Não podemos deixar o Haiti nem os nossos índios na mão”, justifica Ricardo.
A viagem dos médicos para a Amazônia está marcada para o dia 23 de abril e deverá dar continuidade aos atendimentos as comunidades indígenas da etnia Sataré Mawé, localizada às margens do Rio Andirá, na divisa entre os estados do Amazonas e Pará, O grupo, formado por 35 pessoas no total - que inclui oftalmologistas, clínicos gerais, ortopedista, pediatra, ginecologistas, anestesistas, enfermeiros e o pessoal da logística - vai passar duas semanas em uma região isolada, onde o atendimento médico ainda é precário. “Todos os profissionais envolvidos são voluntários e dispostos a levar a medicina especializada para pessoas que, muitas vezes, nunca visitaram um médico e sequer conhecem um hospital”, diz Ricardo.
Solidariedade ao Haiti
Desde que um terremoto devastou o Haiti no início deste ano, os médicos brasileiros que compõem a ONG Expedicionários da Saúde se mobilizaram, deixaram seus consultórios e suas famílias, para atender de forma voluntária as vítimas daquele país. E são muitas centenas e milhares de haitianos, que ainda hoje buscam e necessitam de um acompanhamento médico e cirúrgico para dar prosseguimento à vida. Por conta disso, os Expedicionários da Saúde montaram uma equipe com cerca de 10 médicos para voltar à cidade de Les Cayes e continuar prestando atendimento à população daquele país. A viagem acontece no próximo dia 2 de abril.
Segundo Ricardo, ainda não é possível finalizar os trabalhos no Haiti, já que muitos dos pacientes operados necessitam de revisão, acompanhamento e novas cirurgias de correção. “Além disso, há também muitos pacientes que sofrem, diariamente, acidentes de carro e moto, por conta do trânsito caótico na cidade. Há muitos partos para serem feitos e muitos doentes crônicos que necessitam de um atendimento”, diz.
Instalados no Hospital Canadense Brenda Strafford, em Les Cayes, cidade localizada a 150 quilômetros da capital Porto Príncipe, Ricardo comenta que os “Doctor Brasilien” – que na tradução livre quer dizer “Doutores Brasileiros” –, como são conhecidos pela população, tornaram-se referência na região para tratamento de casos ortopédicos complexos. “São dezenas de pessoas que chegam diariamente ao hospital trazendo cartas de recomendações e encaminhamento de diversos centros de triagem e tratamento de muitas partes do país”, relata o ortopedista. “A habilidade, a dedicação e, principalmente, o carinho de toda a equipe de médicos que compõe os Expedicionários da Saúde para com a população haitiana conquistou-os definitivamente”.
Como ainda não há data prevista para finalização dos trabalhos no Haiti, os Expedicionários da Saúde decidiram que a cada início de mês, uma equipe formada por 10 médicos visitará o país e dará continuidade ao atendimento na região de Les Cyes..