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sábado, 13 de novembro de 2021

Doenças cardiovasculares são as complicações mais graves do diabetes

O dia 14 de novembro é lembrado anualmente como o Dia Mundial do Diabetes, doença crônica que afeta a maneira como o corpo metaboliza a glicose e afeta cerca de 250 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, 16 milhões de indivíduos têm diabetes, ou seja, um em cada nove adultos, e estima-se que 46% deles não sabem. Acima de 50% daqueles que possuem alguma doença cardíaca possui também algum transtorno relacionado à glicose no organismo e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) destaca que mais de dois terços das pessoas que morrem do coração têm diabetes e acima de 80% das mortes por diabetes estão relacionadas a problemas cardíacos e renais, ou seja, vasculares.

“O diabetes com a hipertensão arterial são as doenças mais prevalentes na população brasileira. Acreditamos que no Brasil tenhamos mais de 16 milhões de pessoas com diabetes e o grande problema é que a sua principal complicação é a doença cardiovascular. Mais de 80% dos diabéticos morrem de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou doença renal, que também é uma doença vascular. Antes da descoberta da insulina, em 1921, as pessoas com diabetes iam à óbito por desnutrição, infecções e coma cetoacidótico, por exemplo”, ressalta o diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC/Funcor, José Francisco Kerr Saraiva.

A descoberta da insulina, há um século, permitiu que as pessoas pudessem viver e envelhecer, e com o envelhecimento no diabetes veio a doença cardiovascular. Geralmente o paciente só é diagnosticado quando apresenta lesão na retina, ou no rim, disfunção erétil ou doença cardíaca, por exemplo. Nesses casos, o diabetes evoluiu silenciosamente sem ser detectado e a confirmação tardia pode trazer complicações irreversíveis. O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir ou minimizar tais problemas.

“O diagnóstico do paciente diabético, hoje, está associado ao aumento do peso, que está relacionado a hábitos contemporâneos não saudáveis, como inatividade física e excesso de alimentos calóricos. Se as pessoas fizerem exercícios, ingerirem uma menor quantidade de alimentos calóricos e tiverem possibilidade de realizar dieta saudável, rica em alimentos naturais, elas terão uma menor ingestão de caloria. Reduzindo o peso você vai diminuir a sua sobrecarga na produção de insulina”, afirma o diretor.

Segundo ele, o aumento da população acima do peso é um fator preocupante, afinal estudos já indicaram que o aumento de peso é proporcional ao aumento de incidência de diabetes.

“Dados do Ministério da Saúde e de outras pesquisas mostraram que dos adultos no Brasil, mais de 50% está com excesso de peso, o que acaba levando à chamada intolerância ou resistência à insulina. Sabemos que o excesso de peso vai muito além do acúmulo de gordura. Essa adiposidade abdominal, inclusive, ganhou recentemente um nome na Organização Mundial da Saúde (OMS): são as adiposopatias, ou seja, doenças relacionadas à produção de hormônios no tecido gorduroso ao redor do fígado e dos intestinos, que podem neutralizar a ação da insulina, predispondo ao diabetes”, explica o diretor.

A OMS projeta que em 2025 haverá 2,3 bilhões de pessoas com sobrepeso e mais de 700 milhões de obesos no planeta, aumentando, consequentemente, o número de pessoas com diabetes. Com isso, também se estará mais propenso à hipertensão arterial, dislipidemias e doença aterosclerótica, que compromete os vasos sanguíneos, o cérebro, as artérias coronárias e os rins. Além disso, o diabetes também pode levar a outras doenças arteriais periféricas que ocasionam amputação de membros.

Para Saraiva, o grande desafio em um país com mais da metade da população com excesso de peso e mais de quatro milhões de pessoas tomando insulina é fazer a prevenção da doença cardiovascular para evitar que o diabetes progrida. Isso se faz, primeiramente, tomando corretamente as medicações para o controle da glicose, e mudando o estilo de vida, ou seja, realizando atividade física - desde caminhadas, corridas, andar de bicicleta. O melhor esporte é aquele que os indivíduos têm vontade de praticar.

“O mais importante é que o indivíduo procure uma atividade física que seja do seu prazer e com isso consigamos melhorar esse cenário da redução do peso. Sabemos que as pessoas fisicamente ativas têm menor peso. Além disso, nós temos outras recomendações que são extremamente importantes como combater o tabagismo - o fumo é um verdadeiro veneno para esses pacientes -, e ter uma dieta saudável, baseada em alimentos naturais e evitando o consumo de produtos processados, como açúcar. Eu diria que se você perder peso, praticar exercícios e possuir uma alimentação saudável, a sua chance de ter complicações do diabetes é muito menor, particularmente se você fizer atividades físicas e o uso correto dos medicamentos”, afirma Saraiva.

Segundo o diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC/Funcor, a pandemia de Covid-19 veio, matou mais de 600 mil pessoas e está indo embora, entretanto a doença cardiovascular e o diabetes, assim como o excesso de peso ficam. Em um momento de crise econômica, onde se tem dificuldade de marcar consultas, particularmente no Sistema Único de Saúde (SUS), é extremamente importante a adoção de medidas para se fazer a prevenção da mais grave doença do diabetes: a cardiovascular.


SOBRE A SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA

Fundada em 14 de agosto de 1943, na cidade de São Paulo, por um grupo de médicos destacados liderados por Dante Pazzanese, o primeiro presidente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem atualmente um quadro de mais de 13.000 sócios e é a maior sociedade de cardiologia latino-americana, e a terceira maior sociedade do mundo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

DIA DE COMBATE AO DIABETES: estudo revela que leite traz importantes benefícios aos diabéticos

Pesquisa realizada pela Universidade de Guelph, no Canadá, revela que consumir leite durante o café da manhã reduz a glicose no sangue mesmo após o almoço



Com frequência ouvimos de muita gente, dos nossos avós especialmente, que um leitinho pela manhã sempre cai bem. Pois bem, a sabedoria popular é mais uma vez comprovada pela ciência. Um estudo realizado por cientistas canadenses da Unidade de Pesquisas Nutracêuticas Humanas da Universidade de Guelph, com colaboração da Universidade de Toronto, demonstrou que consumir leite durante o café da manhã, mesmo com alimentos ricos em carboidratos, reduz a glicose no sangue mesmo após o almoço.

A notícia é ainda mais importante para uma população de 16,8 milhões de brasileiros adultos (20 a 79 anos) que sofrem de diabetes tipo 2. Segundo dados do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), somos o 5º país em incidência da doença no mundo, perdemos apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.

De acordo com a endocrinologista Pryscilla Moreira, um dos grandes desafios do paciente com diabetes é justamente combater esse desequilíbrio do metabolismo da glicose, que é, a grosso modo, a quantidade de açúcar no sangue. “Quando o paciente com diabetes tem uma alimentação descontrolada, no que diz respeito ao açúcar, ele tem uma piora desses níveis glicêmicos, e portanto, uma piora no controle da doença”, explica a médica que atua no complexo de serviços médicos e de saúde em Goiânia, o Órion Complex.

A especialista afirma que uma das melhores maneiras para se controlar a diabetes é por meio de uma dieta saudável e sem excessos. “Quando o paciente consegue controlar a glicose por meio da alimentação, é possível diminuir a quantidade de medicação, reduzir significamente o tempo de evolução de piora da doença e diminuir os efeitos das complicações que podem aparecer. Então, quando falamos em controlar a glicose, não estamos falando só do consumo de doces e açúcar, mas principalmente do carboidrato presente uma série de alimentos como frutas, verduras, nos alimentos com base em farinhas brancas, pois estes sim, quando não controlados corretamente, são os grandes vilões do paciente com diabetes”, esclarece Pryscilla.

Benefícios do leite

Além do que foi revelado no estudo da Universidade de Guelph, a endocrinologista cita outros benefícios do leite, um alimento proteico que auxilia muito numa melhor absorção dos carboidratos. “A quantidade de proteínas que o leite oferece é muito importante para que o paciente tenha um maior controle de seus níveis glicêmicos”, pontua a médica.

Mas, independente desse benefício aos diabéticos, a endocrinologista Pryscilla Moreira explica que o leite, de maneira geral, é muito benéfico para a população, afinal é uma fonte barata de proteína e de cálcio, mineral importantíssimo para a formação de ossos e dentes, para a regulação da coagulação sanguínea e para funções neuromusculares.

Bem-estar e saúde

Ao longo de séculos, o leite tem sido vinculado, não só a sua função primária de alimento, mas também com a questão da saúde e do bem-estar. Para muitos especialistas em saúde e comportamento, isso provém muito provavelmente da relação profunda que temos com o leite logo que nascemos, por meio do processo de amamentação.

Mas para se manter nesse segmento dos alimentos promotores de saúde e bem-estar, a indústria láctea está entre as que mais evoluíram no setor alimentício. “Hoje, graças a modernas técnicas de processamento conseguimos produzir uma série de tipos de leite, bem como diversos derivados. Temos hoje além do leite longa vida, que está entre os itens mais consumidos, temos os desnatados, semi-desnatados, os sem lactose; uma grande evolução do produto que fez com que mais pessoas consumam esse alimento”, explica André Luiz Rodrigues Junqueira, presidente do grupo Marajoara Laticínios.

Apesar de sua origem animal, o leite de vaca, conforme explica André Luiz, está entre os alimentos mais seguros para o consumo humano. “O moderno processo de pasteurização e de esterilização, por meio do método UHT [da sigla em inglês para Ultra High Temperature], garante um produto estéril de quaisquer microorganismos nocivos à saúde. E ainda: a legislação brasileira não permite a adição de nenhum tipo de conservante ao leite, o que faz do alimento uma opção ainda mais saudável, tanto para adultos quanto para crianças. Por ser um produto de origem animal, o leite é alvo de uma rigorosa fiscalização, que é cumprida pelas indústrias de laticínios”, detalha André Luiz.