Novas lentes intra oculares que chegam ao Brasil – chamadas suplementares – podem corrigir surpresas refrativas após a cirurgia de catarata
Até 25 anos atrás, a catarata era tida como algo inerente ao envelhecimento, no Brasil. Idosos teriam que conviver com a doença de alguma maneira, bem ou mal... “A facectomia intracapsular era a técnica cirúrgica mais empregada em todo o mundo para a remoção da catarata. A cirurgia exigia pelo menos sete dias de internação hospitalar. E a restauração visual se completava após, um ou dois meses, depois da cirurgia, com a prescrição de óculos especiais que provocavam a distorção das imagens e muito medo no paciente na hora de se locomover, pois não garantiam uma percepção real de tempo e espaço”, conta o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Para evitar os desagradáveis efeitos desta temida cirurgia, os oftalmologistas costumavam esperar a 'catarata amadurecer', a doença tinha que alcançar quase o mesmo grau de maturação em ambos os olhos, para que o médico os operasse, num menor intervalo de tempo possível. Este cenário complicado e desesperançoso começou a ser transformado, com o surgimento da facoemulsificação, em 1967. Após um período de desconfiança, a comunidade oftalmológica aceitou a nova tecnologia e seus conseqüentes benefícios para médicos e pacientes. E o ciclo de boas novas se completou a partir de 1977, com o advento das lentes de Shearing e Sinskey, com elas, o tratamento da catarata deu um salto qualitativo. “A segurança dos 'então modernos implantes intra-oculares' propiciou que mais pacientes pudessem ser beneficiados com a cirurgia”, destaca Centurion, que é membro da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas.
Como reflexo destes avanços, nos dias de hoje, tanto faz se a catarata afeta apenas um dos olhos ou ambos, se a doença está em diferentes estágios de maturação nos dois olhos, pois os implantes corrigem este problema. “Mas, para tratar a catarata, o oftalmologista precisa fazer um minucioso estudo sobre a vida do paciente, a terapêutica é completamente personalizada. É preciso planejar a cirurgia de catarata individualmente. A acuidade visual é devolvida ao paciente, sempre que possível, de acordo com o seu estilo de vida”, observa Virgilio Centurion.
Lentes suplementares
A cirurgia de catarata, que antes se restringia a devolver a 'visão possível' ao paciente evoluiu ao ponto de tentar libertá-lo também do uso de óculos, após a cirurgia. “A cirurgia de catarata bem indicada e bem feita busca restaurar a visão com o implante das mais diversas lentes intra-oculares, sem a necessidade de correção ótica com óculos, após a cirurgia”, diz o oftalmologista.
“No entanto, surpresas refrativas ou situações inesperadas podem acontecer. Existem pacientes que, por razões diversas, mesmo após serem submetidos à moderna cirurgia de catarata ainda precisam usar óculos, tanto para corrigir vícios de refração – miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia – que já estavam presentes antes do procedimento, como para corrigir novos problemas visuais, que surgiram após a cirurgia de catarata”, conta Virgilio Centurion, que também é council da International Society of Refractive Surgery of the American Academy of Ophthalmology.
Diante de uma surpresa refrativa, e levando em consideração fatores como: grau residual, tipo de vício de refração, tempo decorrido da cirurgia de catarata, condições anatômicas e funcionais dos olhos e o desejo do paciente de melhorar a sua qualidade de vida, o oftalmologista pode decidir qual a melhor opção terapêutica para este paciente, se o tratamento clínico – uso de novos óculos ou lentes de contato – ou uma nova intervenção cirúrgica. No campo cirúrgico, abrem-se três possibilidades ao paciente, que devem ser analisadas criteriosamente pelo oftalmologista que o assiste:
• Cirurgia extra-ocular – mais conhecida como lasik, realizadas com laser ou eximer laser. Pacientes com mais de 60 anos podem apresentar problemas de lubrificação ocular. A cirurgia não corrige todos os vícios de refração;
• Cirurgia intra-ocular – onde o oftalmologista poderá optar por realizar o explante da lente colocada na primeira cirurgia de catarata e faz um novo implante;
• Implante de lentes suplementares - os contínuos avanços na cirurgia de catarata buscam devolver a um órgão tão delicado a sua plena capacidade de ver em todas as distâncias. “Com a tecnologia a favor, podemos optar por fazer o implante de uma segunda lente – especialmente projetada para estas situações – visando corrigir a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a presbiopia”, diz Centurion.
Como é feito o segundo implante?
“Após uma acurada análise de cada caso, se a decisão do oftalmologista for a de fazer um novo implante com lentes suplementares, é necessário que o paciente faça, além dos exames oftalmológicos completos, exames complementares, como: ceratoscopia, microscopia especular, paquimetria, análise computadorizada do segmento anterior, mapeamento da retina, PAM e OCT”, explica Centurion.
Como se trata basicamente de uma reoperação da catarata, é preciso preparar bem este paciente para que não haja insatisfação com o resultado da cirurgia devido a expectativas irreais. É preciso alertar este paciente sobre possíveis efeitos colaterais.
Segundo o diretor do IMO, esta cirurgia deve ser realizada sempre em um centro cirúrgico, com anestesia e sedação, em sistema de internação de curta duração. “ O novo implante é realizado por meio de incisão corneana. O oftalmologista acomoda a nova prótese ocular na câmara posterior do olho, na frente do implante primário”, detalha Virgilio Centurion.
O pós-operatório, definido de acordo com os critérios do cirurgião, compreende o uso de tampão ocular por 12-24 horas e o uso de colírios antibióticos, antiinflamatórios e lubrificantes por aproximadamente duas semanas. A recuperação da visão é gradativa, num período compreendido entre 24-48 horas.
“O objetivo primordial do emprego das novas lentes suplementares é eliminar ou diminuir ao máximo a dependência do uso dos óculos pelos pacientes mais idosos. Envelhecer com autonomia requer uma boa visão e uma boa audição. Problemas oftalmológicos estão associados a altas taxas de depressão e a dificuldades para a realização das atividades diárias. Com o aumento da população idosa, um dos grandes desafios brasileiros será o de oferecer um atendimento médico adequado para este segmento da população, que requer cuidados especiais. A falta de informação e de acesso aos novos tratamentos é o principal desafio a ser enfrentado no combate à perda de visão decorrente da catarata”, destaca o diretor do IMO.
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