André Caixeta, o Edim, durante a prova de fast. (foto: Tales Maomba)
Veterano do esporte, o campeão explica que o fator climático, como o vento, conta muito para o desempenho do jogador nas provas e que, pela falta de cultura e incentivo ao bumerangue em nosso país, uma realização como essa feita com o patrocínio do Banco Santander, só irá melhorar o nível técnico e incentivar as crianças a praticar. “É um esporte muito fácil de ser praticado aonde a força física não é o mais importante, mas a habilidade do jogador”, finaliza Tales. A competição reuniu praticantes de várias idades.
Recorde Nacional - Mesmo com a chuva e o adiamento das provas de Trick Catch/Doubling para o segundo dia do evento, a primeira Etapa do Circuito Nacional de Bumerangue foi um sucesso. “Todos os atletas deram o melhor de si e, com isso conseguiram bons resultados, como por exemplo, o André Caixeta que bateu o recorde brasileiro de Trick Catch/Doubling com 91 pontos – o anterior era de 72 pontos - alcançado por ele mesmo em novembro de 2009”, conta o idealizador desse circuito, Carlos Martini Filho*, (Magrão, como é conhecido), responsável pela popularização do esporte no país, o nosso mais renomado jogador e atual presidente da Federação Brasileira de Bumerangue. Acesse: www.fbbumerangue.com.br para ver o resultado geral da primeira etapa.
“Nosso objetivo é organizar um ranking brasileiro do esporte, difundir a técnica, trazer os maiores praticantes do mundo e mostrar a população brasileira os benefícios físicos e mentais do esporte. O bumerangue tem muito mais ciência do que parece”, explica Magrão.
Pela primeira vez em um evento oficial, um bumerangue foi levado por uma corrente térmica -No meio dos aquecimentos para a prova MTA, avaliação do Maior Tempo no Ar, um fato inusitado parou o Parque do Povo e fez com que, todos os presentes, prestassem atenção ao bumerangue que subiu, permaneceu em torno de cinco minutos voando estável a vista de todos e, logo foi levado por uma corrente de ar sobrevoando o céu da capital paulista e desapareceu. Roberto de Souza, o dono do bumerangue e adepto há anos do esporte, disse que nunca tinha visto isso acontecer antes. “Treino bastante antes de participar das provas, em média, três a quatro vezes por semana. Jogo muito na praia que não tem corrente térmica e foi extremamente emocionante porque a gente ouve falar que isso acontece, mas aqui no Brasil nunca tínhamos visto acontecer dentro de uma competição”.
O bumerangue do Roberto é especial e feito de fenolite, um material feito de papel e cola fenólica. O próprio competidor fabrica seus bumerangues para as competições. “O pessoal ficou cronometrando e avistaram o bumerangue até quinze minutos antes dele sumir de vez. O aquecimento era para a prova que avalia o maior tempo no ar, mas era apenas aquecimento e, o bumerangue precisa ir e voltar para que valha pontos”, explica o participante. E, neste caso, o bumerangue não voltou.
Parque do Povo – Áreas verdes projetadas com identidade e conforto visando o incentivo de esportes diferenciados e acessíveis a todos, que geram maior atração a população, fazem parte dos projetos da Coordenadoria de Áreas Verdes da Secretaria de Subprefeituras (SMSP). Para o coordenador da área, o arquiteto paisagista André Graziano, essa realização é uma união de forças em que todos ganham. “A Federação Brasileira de Bumerangue, pois tem um lugar apropriado para incentivar à prática do esporte, realizar as etapas e receber os interessados nesse esporte. O parque porque evidencia seu papel de aglutinador e local público para a recreação e, a população, pois é fascinante o engajamento que o bumerangue proporciona aos visitantes, que acabam participando ativamente do processo tanto na competição, quanto, na agenda de clínicas abertas que serão promovidas ao longo deste ano, com a próxima já agendada para o dia 27/02”, conta André.
As clinicas são realizadas no local cercado, no campo de grama do Parque do Povo, aonde existe privacidade aos participantes, e não atrapalha a dinâmica de uso do parque. O campeonato acontece no gramado principal, aonde é montada a raia oficial de competição que disponibiliza mais de 50 metros livres de obstáculos necessários para a prática do esporte.
O Bumerangue - Os primeiros bumerangues surgiram no mundo há 23 mil anos, e eram usados tanto para recreação, quanto para cerimônias religiosas e caça. A origem ainda é incerta, mas pesquisas mostram que um tipo especial de bastão era usado pelos faraós para caçar pássaros. O bumerangue mais antigo que se tem notícia foi encontrado na Polônia, e construído a partir de uma presa de mamute, há 23 mil anos. Além das características lúdicas que atraem crianças, adultos e idosos, os bumerangues eram utilizados em outras atividades cotidianas. Servia para cortar carnes e vegetais, cavar a terra em busca de raízes comestíveis e para golpear a superfície da água durante a pesca.
Os europeus descobriram os bumerangues em 1770, com a chegada do capitão James Cook à Oceania. Ele foi o responsável pelo início da colonização inglesa na Austrália. O instrumento que a comitiva de Cook levou a Europa desperta atenção de fãs em todo o mundo. Os primeiros clubes, federações e entidades foram formados na Austrália, Europa e nos Estados Unidos no fim dos anos 60 e início dos anos 70.
Curiosidades -O bumerangue é o único objeto voador que, arremessado pelo homem, consegue atingir uma distância de 238 metros de ida e, mais 238 metros de volta. O recorde atual de velocidade do jogo é de 14.06 segundos, entre ida e volta. O recorde de maior tempo no ar é de 17 minutos. Nos EUA, os jogadores colocam seu próprio nome e número de telefone em seus bumerangues porque correntes de ar podem interceptá-los e, assim, serão localizados. Conta o participante internacional Gary M. Broadbent que, a maior distância percorrida por um bumerangue dele foi quando participou de uma competição em Ohio e o perdeu. "Recebi um telefonema de um moço dizendo que o havia encontrado, ele estava no Wal Mart. Detalhe: na Pensilvânia", e o bumerangue havia percorrido 175 milhas entre um Estado e outro de seu país.
Carlos Martini Filho*, o Magrão
Sua trajetória de vida confunde-se com a do bumerangue no Brasil, aonde é reconhecido como o maior especialista no assunto. Começou a jogar por acaso em 1980, ao quebrar o objeto de uma garota no parque Ibirapuera e, prometendo que faria outro e não encontrando nada a respeito, construiu uma carreira profissional de sucesso ao longo dos últimos trinta anos, baseada no esporte. Também trabalha com produção de bumerangues, pipas e na organização de eventos promocionais e esportivos. Foi o primeiro atleta brasileiro a participar de campeonatos internacionais, trouxe ao Brasil o primeiro título da modalidade (2º lugar em precisão do STH Annual North East Ohio Tournament). Organizou campeonatos nacionais (Circuito Paulista, Santos, Campinas, Americana, Piracicaba, Campo Limpo Paulista, Goiânia, Curitiba), o primeiro Campeonato Pan-americano em 2005, além de realizar demostrações durante vários anos em colégios do Brasil e da Europa um trabalho de base, ensinando milhares de alunos os conhecimentos básicos do bumerangue. Fundou o Bumerangue Clube do Brasil em 1983 e foi um dos responsáveis pela fundação do World Boomerang Club, fundado na Austrália em 1991, onde acumulou a função de representante deste clube para a América Latina durante dois anos. Também organizou o primeiro encontro que culminou com a fundação da Associação Brasileira de Bumerangue em 2004 fundou a Federação Brasileira de Bumerangue (FBB) em 2007 da qual é o atual presidente. Foi responsável pela introdução do bumerangue como matéria de física e aerodinâmica no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) em 1996. Magrão realiza inúmeras palestras e eventos em diversas empresas como Nestlé, Bayer, 3M do Brasil, Xerox, Refinações de Milho Brasil e Rayovac, além de instituições como o Sesc, Senai e Sesi, além de participar como convidado especial de vários eventos internacionais.
Para mais informações, acesse:
http://www.fbbumerangue.com.br/