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quarta-feira, 8 de julho de 2009

67% dos pais oferecem alimentos inadequados para os bebês

PESQUISA DA UNIFESP APONTA: 67% DOS PAIS OFERECEM ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS ÀS CRIANÇAS ANTES DO PRIMEIRO ANO DE VIDA

Os pais estão trocando a alimentação saudável – e até mesmo a amamentação exclusiva – por alimentos ricos em gorduras e açúcares. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria da UNIFESP, com 270 pais de crianças freqüentadoras de berçários de creches públicas e filantrópicas da capital paulista.

O estudo aponta que a introdução de alimentos industrializados – como macarrão instantâneo, açúcar refinado, suco de frutas artificial e até mesmo salgadinhos e embutidos – começa antes dos três meses de idade e são ofertados às crianças por 67% dos pais que, em sua maioria, são jovens, com baixa escolaridade e menor poder aquisitivo.

De acordo com Maysa Helena de Aguiar Toloni, nutricionista e autora da pesquisa, os resultados preocupam, uma vez que a obesidade infantil já é considerada um problema de saúde pública no Brasil, onde cerca de 10% das crianças apresentam excesso de peso e, aproximadamente 20% dos adolescentes estão acima do peso. “Vale lembrar que 60% das crianças e adolescentes obesos já sofrem de hipertensão e dislipidemia, que é o aumento do nível de gordura no sangue e que está intimamente ligada às doenças coronarianas”, afirma.

A nutricionista explica que a ingestão precoce, continuada e excessiva de alimentos altamente calóricos e de baixo valor nutricional está associada ao abandono do aleitamento materno e ao baixo consumo de frutas, legumes, cereais e hortaliças. “Além de esse comportamento comprometer o crescimento e desenvolvimento infantil, também é comum desencadear processos alérgicos, carências de vitaminas e minerais, obesidade infantil e o surgimento, cada vez mais precoce, das chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis que incluem o diabetes, hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias, acidente vascular cerebral, diversos tipos de cânceres, artroses, enfisema pulmonar, entre outras”.

Doce? Só o das frutas
Segundo Maysa, já foi comprovado, cientificamente, que a criança nasce com preferência ao sabor doce. Entretanto, o Ministério da Saúde recomenda que a adição de açúcar deve ser evitada nos dois primeiros anos de vida, pois, antes dessa fase, é desnecessária e só aumenta a incidência de cáries e o valor calórico da dieta, sem contribuir com conteúdo nutricional.

Apesar do preconizado, a pesquisa mostra que, até os três meses de vida, 31% dos pais afirmaram ter oferecido açúcar ao filho; 49%, chás e, 18%, mel. Até os doze meses, esse número é mais alarmante ainda. O açúcar atinge o índice de 87%; o chá, 88%, e, o mel, 73%. “O uso precoce de açúcar faz parte de hábitos culturalmente estabelecidos e utilizados erroneamente pelas mães para ‘satisfazer’ o paladar da criança”, explica a nutricionista. “Um exemplo disso é o uso do mel, que é totalmente contra-indicado no primeiro ano de vida devido à imaturidade da flora intestinal e ao risco de favorecer as intoxicações alimentares causadas pelo bacilo Clostridium botulinum, responsável pela transmissão do botulismo intestinal”.

Outro dado que chama a atenção é a idade com que as crianças começam a conhecer os refrigerantes: entre o primeiro e o sexto mês de vida, 12% delas já experimentaram. Até os noves meses, esse índice sobe para quase 20% e mais da metade (56,5%) já teve a bebida incluída no cardápio até o primeiro ano de vida.

A nutricionista ressalta a importância de se manter a amamentação exclusiva até os seis meses de vida, sendo desnecessária a oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou líquido. “Somente depois dos seis meses é que a criança está apta a receber, de forma lenta e gradual, outros alimentos adequados à idade, mas sempre mantendo o leite materno até, no mínimo, os dois anos de idade”, afirma. “Além dos refrigerantes possuírem açúcar, contêm corantes e aditivos químicos e, mesmo em ocasiões especiais, como festas e comemorações, a criança deve receber alimentação especialmente preparada para ela de forma caseira e balanceada, evitando a integração precoce a uma dieta pobre em nutrientes e hipercalórica”.

Baixa renda x Influência do mercado publicitário
Vários estudos sugerem que, tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, o consumo de alimentos industrializados de baixo valor nutritivo está associado ao menor nível socioeconômico da população. Segundo a pesquisadora, o menor poder aquisitivo também pode estar associado à baixa escolaridade materna e, consequentemente, a falta de acesso a informações em saúde e a influências exercidas pelo mercado publicitário. “Alguns estudos citam, inclusive, a influência da publicidade sobre a confiança que as mães depositam nos produtos apresentados nos comerciais”.

Para a nutricionista, somente políticas públicas, com medidas educativas e preventivas que incentivem o consumo de frutas e hortaliças e restrinjam a propaganda de alimentos infantis industrializados, podem colaborar para a formação de hábitos alimentares saudáveis desde a infância.

A pesquisa foi realizada em 2007, por meio de questionário estruturado e previamente testado para a coleta de dados. Para cada alimento investigado foi registrada a idade de introdução e avaliada a concordância com o oitavo passo do Guia Alimentar do Ministério da Saúde.

Sobre a UNIFESP
Criada em 1933 por um grupo de médicos reunidos em uma sociedade sem fins lucrativos, a Escola Paulista de Medicina (EPM) foi federalizada em 1956 e, em 1994, transformada em Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), primeira universidade especializada em saúde no País. Atualmente, com 18 mil alunos matriculados nos cursos de graduação, pós-graduação e demais programas de pós, a UNIFESP conta com 874 docentes, sendo que 93% possuem título de doutor, um percentual que marca a qualidade de ensino oferecida por uma das universidades que mais cresce no País.
A Escola, que possuía um único prédio no início de suas atividades, inaugurou em 1940 o Hospital São Paulo, primeiro hospital-escola do País, e atualmente o campus na capital - Campus São Paulo - ocupa 251 propriedades, com 138 mil m2. Em 2006, a UNIFESP iniciou o mais ambicioso processo de expansão universitária do País, saltando de um para cinco campi e de cinco para 25 cursos de graduação. Com os novos campi na Baixada Santista, Diadema, Guarulhos e São José dos Campos, a instituição deixou de atuar exclusivamente no campo da saúde, inaugurando cursos nas áreas de humanas (Guarulhos) e exatas (Diadema e São José dos Campos). Até 2014, a UNIFESP planeja criar mais sete cursos, fazendo com que o número total de vagas oferecidas a cada ano no vestibular evolua das atuais 1.812 vagas para 2.598.
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