Evento contou em seu primeiro dia com a apresentação de dados sobre produção e exportação, e projetos para o crescimento da pecuária brasileira.
Palestras de temas diversificados e um excelente público marcaram a abertura do 1º Congresso Internacional da Produção Pecuária. O evento, que acontece até o dia 25 no Bahia Othon Palace, em Salvador (BA), apresentou números sobre o mercado interno e externo, novas oportunidades em setores ainda pouco explorados e com grande potencial de expansão, projetos de sucesso, propostas ao agronegócio nacional e palestras técnicas, que elucidaram dúvidas sobre manejo, doenças e os mais recentes avanços do melhoramento genético.
Eduardo Salles, secretário da Agricultura do Estado da Bahia, abriu o evento apresentando dados e as realizações da produção pecuária baiana nos últimos anos e abordou as estratégias de governo à Bovinocultura de Corte e Leite e a Ovinocaprinocultura. “Temos muito a crescer, como na busca da autossuficiência na produção leiteira, mas reestruturamos a EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário) e estamos com a extinção da Zona Tampão em processo de finalização”, afirmou Eduardo. O secretário ainda exibiu números voltados a realizações de infraestrutura e propostas, como a eletrificação das cooperativas e associações do leite, a implantação de 800 tanques de resfriamento e de um Parque de Frigoríficos, que envolve ao todo 16 projetos e alcançar o status de livre da Aftosa sem necessidade de vacinação.
O secretário da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana, deu continuidade ao evento ao apresentar dados e antecipar os desafios na relação entre produtor e indústria na cadeia produtiva do leite para o futuro. “A falta da confiança mútua gera conflitos entre a produção e a indústria, isso atrapalha a realização de objetivos como a melhoria da qualidade do produto, o aumento do consumo interno, a produção sustentável, que respeita a legislação ambiental e o crescimento das exportações”. Como uma solução a esse entrave, Gilman exibiu o projeto Conseleite, implantado em alguns estados do país, como o Paraná e o Rio Grande do Sul, e que já apresentou sucesso. “Nesse conselho os membros são 50% da indústria e 50% do mercado produtor, e buscam soluções conjuntas para problemas comuns do setor lácteo”, enfatiza. O projeto ainda conta com a determinação de parâmetros para a definição da qualidade do leite, que permite padronização dos preços e redução da sazonalidade da produ ção.
Simon Wallace, produtor neozelandês, apresentou os resultados da Fazenda Leitíssimo, parte do Projeto Jaborandi. Baseado no critério de maior produtividade por hectare, a propriedade utiliza animais da raça Kiwicross (cruzamento entre as raças Holandesa e Jersey) e apresentou ótimos índices de rentabilidade. “Após uma viagem de 18 meses por mais de 100 mil km do Brasil, encontrei no sudoeste baiano a melhor conjuntura de fatores ambientais para a produção, como boas chuvas, temperaturas acima dos 15ºC no inverno e abaixo dos 30ºC no verão, além de umidade baixa”, apontou Simon. O peso das vacas também é determinado entre 425 e 450 kg, o que permite ao rebanho boa movimentação, facilidade no processo de alimentação e fertilidade ideal. O uso de tintas para a detecção do período do cio e de um bebedouro por hectare são outras ações que contabilizam o sucesso da propriedade em sua produção. “O objetivo não é o de se ter uma lactação recorde com uma vaca, mas produzir-se be m, com um grande número de vacas e a um custo muito baixo. É uma ótima opção para se ter rentabilidade”, sintetiza Simon.
Ovinocaprinocultura
No setor de Ovinocaprinocultura, Olivardo Facó, pesquisador da Embrapa Caprinos apresentou os resultados do Programa de Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos, criado em 2005, com o objetivo promover o melhoramento genético de caprinos leiteiros no Brasil, através da identificação acurada de reprodutores geneticamente para características de conformação/ tipo e de produção e qualidade do leite. O programa já conta com a participação de 22 produtores, oriundos dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Os resultados já mostram o sucesso do projeto, em 2010 houve um aumento de 107% no número de cabras com lactação controlada, em relação a 2009. E, no mesmo período, o quesito lactação encerrada apresentou crescimento de 196%.
Bovinocultura de Corte
Fernando de Almeida Borges, da Ouro Fino Agronegócio, voltou sua atenção à bovinocultura de corte e alertou os participantes sobre a importância ambiental e financeira de um bom controle de parasitários. “O prejuízo é sempre do criador, não do frigorífico, como se costuma apontar. E essa perda de rentabilidade é desnecessária, pois boa parte dessas doenças são fáceis de ser erradicadas”, alerta Fernando. Carrapatos, bicheiras, mosca-dos-chifres e berne, além de causarem prejuízos irreversíveis ao criador, causam estresse, queda de produtividade, perda de eficiência reprodutiva e, em casos mais sérios, morte.
Destaques de hoje
Dentre as principais atividades desta terça-feira (24), estão programadas as palestras da senadora Kátia Abreu, Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), de Armando Kichel, da Embrapa Gado de Corte, que apresenta um painel sobre a integração lavoura / pecuária / floresta, e de José Lemos Monteiro, da Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul, que apresenta aos participantes a atual conjuntura mundial da produção pecuária.