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domingo, 13 de dezembro de 2009

Espermograma: primeiro passo no tratamento da infertilidade masculina

Diminuição da quantidade, assim como alterações da qualidade ou da forma
dos espermatozóides são responsáveis por 90% dos casos de infertilidade masculina.


A análise do sêmen é um dos primeiros exames solicitados para avaliar a fertilidade masculina. “Com a tecnologia e os conhecimentos que dispomos, hoje, esta análise vai muito além do espermograma. Ela engloba uma série de testes que avaliam o potencial de fecundidade dos espermatozóides”, explica o andrologista Rodrigo Lessi Pagani, professor do Curso de Pós-Graduação em Infertilidade Humana do ICS, Instituto de Ciências da Saúde.
O espermograma é importante para verificar, inicialmente, se o volume do esperma, o pH (acidez), a viscosidade, a cor e a liquefação do sêmen apresentam-se normais. Em seguida, determina-se o número de espermatozóides e a motilidade dos mesmos, tanto do ponto de vista quantitativo, quanto qualitativo. A contagem do número de espermatozóides e a avaliação da motilidade são realizadas no microscópio, com auxílio de câmaras especiais, especialmente desenvolvidas para este fim. “O espermograma inclui ainda a avaliação da morfologia dos espermatozóides e a determinação do número de leucócitos presentes no sêmen”, explica o médico.
Para realizar esta bateria de testes, solicita-se a abstenção da atividade sexual por um período de 48 a 72 horas. A coleta da amostra de sêmen é realizada no próprio laboratório. O frasco para a coleta deve ser de boca larga e de material previamente testado quanto à toxicidade para a motilidade espermática. “Situações especiais podem ser contornadas, como a coleta durante o ato sexual, utilizando-se preservativos atóxicos, vibroestimulação ou eletroejaculação nos homens com trauma de medula espinhal e ejaculação retrógrada”, diz Rodrigo Pagani, autor de um dos capítulos de Infertility in the Male, publicação que é referência no campo da infertilidade masculina mundial.

“Reforçamos, entre os alunos do Curso, a idéia que o espermograma normal não é um atestado de fertilidade masculina, ele deve ser analisado em conjunto com os dados obtidos do paciente para ter real valor diagnóstico. Recomendamos também que a análise seminal - ou espermograma - seja feita em laboratórios de excelência, pois nem todos seguem as recomendações internacionais para a análise do sêmen. Além disso, são necessárias, no mínimo, duas amostras diferentes de sêmen, fornecidas em um intervalo de uma a duas semanas, pois existe uma variação normal na produção de espermatozóides em todos os indivíduos”, destaca Pagani.

O que deve ser analisado no espermograma?

1)Morfologia

A forma dos espermatozóides humanos varia amplamente. A definição de um padrão de normalidade baseia-se na observação da forma dos espermatozóides que conseguiram ultrapassar o colo uterino. “A análise da morfologia é tão importante, quanto a determinação do número de espermatozóides e da sua motilidade. O estudo da morfologia é um dos indicadores da qualidade dos espermatozóides que estão sendo produzidos pelos testículos. Os resultados da morfologia, principalmente quando avaliados pela técnica estrita de Kruger, correlacionam-se com o sucesso da fertilização ‘in vitro’, da inseminação intra-uterina e também com a chance de conseguir a gravidez por via natural”, informa Pagani. Para a análise da morfologia, os espermatozóides são submetidos a corantes especiais e examinados no microscópio óptico num aumento de 1000 vezes. O espermatozóide normal apresenta cabeça com formato oval e superfície regular, sem defeitos na peça intermediária ou cauda.

2) Integridade funcional da membrana plasmática dos espermatozóides

Por meio do Teste Hipo-Osmótico (THO) é possível avaliarmos a integridade funcional da membrana plasmática dos espermatozóides e o transporte de água através da mesma. O exame baseia-se na observação de que espermatozóides cujas membranas estão íntegras absorvem água, quando expostos a uma solução hiposmolar em relação ao meio intracelular e são capazes de manter um gradiente osmótico, enquanto aqueles com membranas lesadas não o fazem. “Neste teste, os espermatozóides com membranas íntegras, e, portanto vivos, exibem um certo ‘inchaço da cauda’, quando colocados em uma solução hiposmolar (150 mOsm), em relação ao meio intracelular. Tais alterações morfológicas podem ser apreciadas à microscopia de contraste de fase. Por outro lado, espermatozóides cujas membranas plasmáticas estão lesadas não apresentam capacidade osmo-reguladora, e, conseqüentemente, não exibem o inchaço da cauda”, explica o médico, que também é fellow em Infertilidade Masculina e Cirurgia do Aparelho Reprodutivo Masculino pela Baylor College of Medicine em Houston – Texas. Atualmente, o THO tem sido utilizado também como um teste de vitalidade espermática, com a vantagem de não utilizar qualquer corante. O teste também é utilizado para identificar espermatozóides que, embora imóveis, sejam viáveis para as técnicas de injeção intracitoplasmática (ICSI).

3) Presença de Leucócitos no Sêmen

É comum a presença de células redondas no sêmen que podem representar leucócitos, células epiteliais, células prostáticas e células germinativas imaturas. “O aumento do número de leucócitos pode representar uma infecção genital clínica ou sub-clínica, níveis elevados de radicais livres de oxigênio, títulos elevados de anticorpos anti-espermatozóides e função espermática deficiente. Todas estas condições podem ocasionar a infertilidade masculina”, informa Rodrigo Pagani. Daí a importância da determinação do número de leucócitos no sêmen, que pode ser realizada por meio do teste da peroxidase. Este teste identifica e quantifica os neutrófilos polimorfonucleares, que representam a maioria dos leucócitos presentes no sêmen. O teste baseia-se na detecção da peroxidase, enzima presente nos granulócitos polimorfonucleares (PMN), que se coram em marrom quando expostos ao teste (peroxidase-positivos). As células peroxidase-negativas (não-coradas) podem representar células germinativas imaturas (espermátides, espermatócitos e espermatogônias), linfócitos, macrófagos e monócitos.

4) Reação Acrossômica

A reação acrossômica é um teste que avalia o potencial fértil do espermatozóide e deve ser utilizado principalmente naqueles casos onde houve falha em tentativas anteriores de fertilização "in vitro". “A determinação da reação acrossômica é complexa e pode ser medida laboratorialmente. Os resultados obtidos correlacionam-se com o potencial de fecundidade do espermatozóide. Homens com dificuldades para ter filhos, sem causa aparente, podem apresentar níveis baixos ou mesmo ausência de reação acrossômica, explicando assim, porque os espermatozóides não conseguem fertilizar o óvulo”, diz o professor do Curso de Pós-Graduação em Infertilidade Humana do ICS, Instituto de Ciências da Saúde.


Atendimento à população


O Instituto de Ciências em Saúde está fazendo o recrutamento de casais que apresentam problemas de infertilidade para serem atendidos pelos professores e alunos dos cursos de especialização e extensão em reprodução humana assistida da instituição. O ICS fará uma adaptação dos custos do tratamento, de acordo com a classificação sócio-econômica de cada casal. Para obter mais informações sobre os benefícios oferecidos é preciso telefonar para (11) 5052 1409 e falar com Nany.

SERVIÇO:

ICS - O Instituto de Ciências em Saúde é uma entidade privada que visa o aprimoramento de profissionais da área da Saúde – Medicina, Psicologia, Nutrição, Biologia e Biomedicina – em nível de extensão e pós-graduação. Tem como missão aprimorar técnicas e conceitos já existentes, bem como avançar no campo da pesquisa, empregando tecnologias de ponta, trazendo benefícios para a prática diária dos profissionais de saúde e agregando valor e satisfação ao atendimento prestado aos pacientes.


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