Ministro da Cultura ouve reivindicações de índios, artistas, produtores e fazedores de cultura em Macapá (Foto: Lia de Paula)
Ao chegar ao Museu Sacaca, em Macapá, para uma Roda de Conversa, a Caravana da Cultura - formada pelo ministro Juca Ferreira e diversos dirigentes da pasta - foi recebida com festa por indígenas das etnias Waiãpi, Tiriyo, Kaxuwana e Apalai. Sacaca é o nome de um curandeiro afrodescendente famoso no Amapá.
A causa indígena é uma das bandeiras da atual gestão e o ministro Juca reiterou, na ocasião, seu compromisso com ela. As comunidades indígenas representadas entregaram documentos com suas reivindicações. O ministro participou do ritual chamado Avasi, em tupi-guarani, e que significa Festa do Milho.
A Roda de Conversa de Macapá reuniu representantes da dança, da música, de teatro e de vários outros segmentos artísticos, que apresentaram demandas, relataram problemas e discutiram o cenário cultural no Amapá. Além do ministro, a Caravana da Cultura contou com a presença dos secretários de Políticas Culturais (SPC), Guilherme Varella; de Articulação Institucional (SAI), Vinícius Wu; da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes; da presidente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Jurema Machado; do presidente do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), Carlos Brandão; e ainda com representantes da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria do Audiovisual. Na Roda de Conversa, realizada na tarde desta quinta-feira, dia 25, eles responderam a todas as perguntas dos participantes – artistas, produtores e fazedores de cultura locais.
Segundo o ministro Juca Ferreira, é preciso ampliar o acesso da região às políticas culturais. "Recebemos várias demandas. Algumas, com o atendimento já em processo, como os editais para várias áreas. O Amapá é zero de acesso à Lei Rouanet e essa é a realidade da região Norte. É preciso melhor a gestão cultural do Brasil. Vamos construindo melhoria da gestão cultural e democratizando o acesso", disse Juca.
A reivindicação comum à maioria dos fazedores de cultura é a falta de uma representação regional do Ministério no estado. "Nosso problema esbarra na questão da formação, mas, principalmente, na falta de representatividade do MinC. Precisamos do ministério perto da gente", disse o produtor cultural e presidente do Coletivo de Artistas, Produtores e Técnicos em Teatro do Amapá (CAPTTA), Washington Silva.
O historiador e produtor cultural Luan Macedo concorda com Silva. "Precisamos de um polo do Minc para captar e informar a comunidade". Já para o produtor cultural Guigo Melo a situação cultural do estado precisa de uma representação, mas o problema é mais grave. "É preciso gerenciar essa doença: a falta de valorização da cultura". Melo destaca a precariedade dos museus e a falta de uma política cultural.
Durante a Roda, a secretária da SCDC, Ivana Bentes, anunciou que no próximo dia 2 de julho o MinC lançará edital para a cultura indígena e que a inscrição poderá ser feita oralmente. Os detalhes estarão no edital. Seguindo a mesma temática, o presidente do IBRAM, Carlos Brandão, anunciou em primeira mão que o tema deste ano da Primavera de Museus será "Museus e Memórias Indígenas".
Respondendo a um questionamento, o secretário da SPC, Guilherme Varella, informou que "a Política Nacional das Artes fará um diagnóstico, que vai gerar um levantamento para fazer políticas específicas para resolver os gargalos atuais. Além disso, o ministério vai dar prioridade para a relação educação e cultura", disse Varella.
No início da noite, a Caravana seguiu para a exposição "Jango: Nossa breve história" e inauguração da nova sede da Superintendência do IPHAN no Amapá.
Veja a programação da Caravana da Cultura para a sexta-feira, dia 26 de junho:
Macapá (AP)
9h- Visita ao Museu da Fortaleza de São José de Macapá
Parintins (AM)
15h- Encontro Afroameríndio
20h- Abertura do 50° Festival Folclórico de Parintins