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domingo, 21 de março de 2010

Equívocos e riscos do consumo da ração humana

É incorreto passar às pessoas a falsa idéia de que um único alimento é o bastante para assegurar a saúde. Esta falsa promessa impede que as pessoas assimilem comportamentos alimentares adequados


Quem ainda não ouviu falar sobre ela? A ração humana está na mídia e caiu no agrado popular. Quase um “milagre nutricional”, uma vez que é tida como um alimento completo capaz de regularizar o intestino, melhorar a disposição, auxiliar no combate à flacidez, prevenir os sintomas da menopausa, aumentar a saciedade, inibir a absorção de gorduras, reduzir o colesterol, prevenir as doenças cardiovasculares e o câncer e, ainda por cima, emagrecer. Como deixar de consumir algo tão precioso?

Para aqueles poucos que ainda não conhecem a fórmula milagrosa, ela engloba fibra de trigo, aveia em flocos, gérmen de trigo, levedo de cerveja, linhaça marrom, gergelim com casca, guaraná em pó, cacau em pó, açúcar mascavo, leite de soja em pó e gelatina sem sabor (Agar Agar)...

Efeitos intestinais

Dentre as propriedades creditadas à mistura, talvez a de mais fácil compreensão é a sua capacidade de melhorar o ritmo intestinal. Isso ocorre por conta do seu teor em fibras, provenientes do trigo e da aveia. “Entretanto, podemos nos beneficiar com o consumo das fibras sobre o ritmo intestinal de uma forma mais adequada, aumentando as pequenas porções de fibras em cada refeição, ou simplesmente, comendo um cereal matinal. É importante saber que nem a ração, nem o cereal matinal poderão auxiliar o intestino, se não houver maior ingestão de água. Sem uma adequada hidratação do organismo, as fibras poderão, inclusive, agravar a constipação intestinal”, informa a endocrinologista Ellen Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Efeitos na disposição física

Vivemos numa época que todos estão cansados e a procura de alimentos e medicamentos que aumentem a sua disposição. Milhares de pessoas em todo o mundo consomem vitaminas e outros suplementos com esse objetivo. “Na ração, o guaraná e o levedo de cerveja exerceriam tal função. Na verdade, não há qualquer evidência de que isso realmente ocorra. A melhora na disposição também é alcançada, na mesma proporção, pelas pessoas que ingerem um ‘placebo’, ou seja, quando consomem um composto supostamente benéfico, mas que realmente não tem nenhum efeito. O efeito placebo ocorre em cerca de 30% das pessoas. Atribuímos a esse efeito o sucesso da ração humana em proporcionar sensação de bem estar e disposição”, defende Amanda Epifânio, nutricionista do Citen.

Efeitos no combate à flacidez

O combate a flacidez é talvez o maior desafio dos profissionais da área de educação física e dos profissionais de saúde que realizam procedimentos estéticos. “Infelizmente, o que sabemos até agora é que nada é capaz de combater a flacidez, somente a atividade física regular. Gelatinas, cápsulas de colágenos, cremes das mais variadas e renomadas grifes de cosméticos são comercializadas no mundo todo com essa alegação sabidamente equivocada. Junta-se a estes produtos, agora, a ração humana”, diz Ellen Paiva.

Efeitos nos sintomas da menopausa

Apesar da Ciência já ter desmistificado os possíveis efeitos benéficos da soja sobre a saúde da mulher após a menopausa, ainda resta a crença popular sobre o tema. Por isso, tantos produtos à base de soja são comercializados com grande aceitação, como a ração humana. “Entretanto, é preciso saber que as isoflavonas da soja não favorecem o perfil lipídico, não melhoram as ondas de calor e não previnem a osteoporose, também não reduzem o índice de fraturas durante o climatério. Logo, também é falsa a crença de que a ração humana possa reduzir os sintomas da menopausa”, afirma a nutricionista do Citen.

Efeitos na perda de peso

Os presumidos efeitos da ração humana sobre a perda de peso provavelmente se devem ao fato de que muitas pessoas substituem refeições por duas ou mais colheres da mistura batidas com água ou leite. Obviamente que essa troca reduz o consumo calórico na referida refeição e pode levar a perda de peso. Isso ocorre com qualquer tentativa bem sucedida de redução do consumo calórico. “Entretanto, essa atitude, que não promove mudanças de hábitos alimentares, não garante adequação das demais refeições e falha em promover uma perda de peso saudável. Além disso, a saciedade descrita pelos adeptos da ração é extremamente variável e não evita a fome, ao longo do dia, podendo até levar a um maior consumo alimentar nas demais refeições”, alerta a endocrinologista Ellen Paiva.

Efeitos sobre o colesterol e doenças cardiovasculares

As sementes oleaginosas como a linhaça e o gergelim são comprovadamente ricas em um tipo de gordura que melhora o perfil lipídico e reduz a incidência de doenças cardiovasculares: as chamadas gorduras do bem ou ômega 3. “Entretanto, a prevenção de doenças do coração requer muito mais do que uma ou várias colheres de sopa de ração humana por dia. Talvez seja essa a nossa maior ressalva à repercussão causada por práticas alimentares simplistas, como o uso da ração humana. É incorreto passar às pessoas a falsa idéia de que um único alimento seja o bastante para assegurar a saúde. Esta falsa promessa impede que as pessoas assimilem comportamentos alimentares adequados, estes, sim, sabidamente eficazes na prevenção de doenças, mas de difícil implementação. Não é possível prevenir doenças sem hábitos saudáveis como um todo e sem a participação ativa do paciente”, defende Ellen Paiva, diretora do Citen.

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